V.D.B, feminina, 33 anos.
Paciente refere quadro de tonteira desde 2015, geralmente ao virar na cama, tonteira rotatória com náuseas. Na hiperextensão da cabeça o quadro também é precipitado. A pior posição é a supina. Não tem sintomas auditivos.
Na avaliação otoneurológica foi observado:
Em posição ortostática da cabeça não encontrei nistagmo espontâneo ou semi-espontâneo.
No teste de Choung (bow&lean test):
Quando a cabeça era posicionada na posição Lean (a cabeça para trás), um nistagmo horizontal para a esquerda foi registrado após 14 segundos de latência. Esse nistagmo permaneceu por todo o tempo em que a cabeça ficou na posição provocativa. A paciente sentiu-se tonta.
Quando a cabeça foi posicionada na posição Bow (a cabeça para frente), nenhum nistagmo registrado.
Coloquei então a paciente na posição supina, com a cabeça flexionada trinta graus, que é a posição inicial para realizar a manobra do Roll Test.
Imediatamente na posição supina, sem latência, a paciente sentiu-se muito tonta e um nistagmo mais intenso, horizontal para a esquerda foi observado.
Quando a cabeça era virada para direita ou para esquerda, o nistagmo desaparecia e a paciente melhorava.
Após as manobras, nenhum nistagmo era registrado na posição normal da cabeça.
Video do nistagmo:
Dias depois reavaliei iniciando com o Roll Test.
Roll test para a direita: Nistagmo horizontal para o lado esquerdo:
Roll test para a esquerda: Ausência de nistagmo:
Bow&Lean:
Lean: nistagmo horizontal para a esquerda: Náuseas:
Bow: discreto nistagmo horizontal para a direita:
Com essas respostas atípicas solicitei: Exames de imagem (Ressonância magnética das mastoides e da coluna cervical):
RM das mastoides e da coluna cervical:
Imagens complementares do encéfalo nas sequenciais FLAIR, T1, STIR e T1 pós contraste: Focos com sinal hiperintenso em FLAIR nos centros semiovais, coroas radiadas, substância branca periventricular, subcortical dos lobos frontais e parietais, bem como nos hemisférios cerebelares, pouco específicos, que pode representar focos de gliose ou mesmo desmielinização. Na coluna cervical, focos com sinal hiperintensos em STIR e T2 na medula cervical, um pouco mais evidente no cordão lateral esquerdo no nível de c7 que podem representar focos de desmielinização.
Doença central desmielinizante?
Encaminhado para a neurologia.
Encaminhada para a neurologia, foi confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, forma remitente, recorrente, apresentando critérios clínicos e radiológicos para tal apresentação. O parecer da neurologia ainda complementa que diante do quadro ser inicial e de nunca ter iniciado nenhuma medicação, indicou-se o uso de betainterferona 1-a.