A.G.S, masculino, 68 anos.
Há três anos com tontura posicional recorrente. Ocorre deitado, ao levantar-se e ao abaixar a cabeça. Relata ser pior ao virar para o lado direito. Refere zumbido pulsátil em ambos os ouvidos há muitos anos. Nega hipoacusia. Hpp: Faz uso de amiodarona 200mg/dia há 14 anos devido a Doença de Chagas.
A cardiologia informa que não recomenda a mudança para outro antiarrítmico devido a arritmia ser severa. O paciente refere que não faz consumo abusivo de álcool e não apresenta enxaqueca. Faz uso de Puran t4.
Nistagmo posicional vertical inferior pode ocorrer por transtorno cerebelo-vestibular (vestibulocerebellar nodulus lesion), por uma VPPB de canal anterior ou mesmo na forma apogeotrópica da VPPB de canal posterior.
O paciente foi submetido ao tratamento de reposicionamento canalicular através de manobras, incluindo a de Yacovino sem sucesso.
O paciente realizou estudo com ressonância magnética do encéfalo e mastoides, bem como angiorressonância do crânio e do pescoço. Resultado sem alterações importantes.
Sistema arterial vertebro-basilar alargado e tortuoso poderia comprimir a região caudal do tronco cerebral e ser a causa de um nistagmo posicional vertical inferior.
Outras patologias compressivas da região caudal do tronco cerebral são: Arnold-Chiari e impressão basilar. Essas causas foram descartadas com os estudos por imagem.
Doppler e color Doppler de carótidas e vertebrais também foram realizados: Mostraram fluxo de padrão, direção e velocidades normais. Foi realizado manobras de lateralização do pescoço visando reproduzir a sintomatologia relatada pelo paciente. Não foram observadas alterações do padrão de fluxo como turbulência e aceleração das velocidades que possam sugerir compressão extrínseca no nível do segmento V3.
Outras causas de nistagmo posicional vertical inferior são: Toxicas, metabólicas, isquêmicas, desmielinizantes e degenerativas.
A toxicidade pela amiodarona é uma possibilidade.
Dia 11 de janeiro de 2021 trouxe parecer da neurologia que referiu neuropatia por amiodarona. Refere melhora de 80% dos sintomas com uso de 0.5 mg/dia de clonazepan (não teve mais tonteira e nem náuseas). Quando parou a medicação as tonteiras retornaram.